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SURA 112

AL-IKHLAS

(A PUREZA DA FÉ)

Período de Meca

 

Esta Sura de quatro versículos foi revelada em Meca. Ela leva o nome (A pureza da fé) e, por esta razão, é também chamada Sura at-Tawhid (Declaração da Unicidade Absoluta de Deus).

 

Em Nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

 

1. Diz: “Ele - (Ele é) Deus, (que é) o Único da Unicidade Absoluta.

 

Único Como apontado por Fakhrud-Din Ar-Rázi, grande intérprete do Alcorão, Deus é chamado por três nomes neste versículo: Ele, Deus, e o Uno da Unicidade Absoluta. «Ele» denota o Ser Divino em Sua essência, o Necessariamente Existente - Que é indescritível, conhecido por ninguém, a não ser por Ele Mesmo. «Deus» é o (Nome próprio do) Ser Divino Que Se manifesta e é reconhecido por Seus Atributos e Nomes, Que abraça todos os atributos e nomes pelos quais o Ser Divino é chamado. «O Uno da Unicidade Absoluta» nega todas as falsas noções e conceitos sobre o Ser Divino. «Ele» é o termo usado por aqueles mais próximos do Ser Divino; apelam a Ele como Ele. «Deus» é o termo usado pelo povo da Direita, o povo de felicidade e prosperidade (a quem serão dados seus registros na mão direita), enquanto «o Uno da Unicidade Absoluta» vem neste versículo em conexão com as pessoas da esquerda, o povo da miséria (a quem serão dados seus registros na mão esquerda), que têm conceitos errados de Deus, que O negam, ou que associam diferentes parceiros a Ele. Existem algumas diferenças entre Deus sendo Uno (Wáhid) e o Único da Unicidade Absoluta (Ahad). Deus sendo o Único da Unicidade Absoluta (Wáhid) significa a manifestação dos Nomes de Deus, Que dá existência a todas as coisas e seres, e são responsáveis por sua vida, por todo o universo. Deus é “o Único de Unicidade Absoluta” (Ahad) significa concentração de Deus das manifestações de seus nomes em coisas ou seres individuais. A fim de compreender a diferença mais claramente, Said Nursi faz a seguinte analogia:

O sol engloba inúmeras coisas na sua luz. Isso pode servir para compreender a Unicidade de Deus. Mas para manter a totalidade de sua luz em nossas mentes, seria necessário um grande poder conceitual e perceptual. Então, para que o sol não seja esquecido, cada objeto brilhante reflete suas propriedades (luz e calor) da melhor maneira possível e assim se manifesta o sol. Esta é uma analogia para Deus ser o Uno da Unicidade Absoluta. Como relacionado com a manifestação da Unicidade de Deus, todo o universo é um espelho para Deus. Enquanto como relacionado com a manifestação de seu ser Uno da Unicidade Absoluta, cada um (brilhante) ser é um espelho d’Ele (As Palavras: “A Primeira Palavra”, 7).Bediuzzaman Said Nursi nota que a fé na Unicidade de Deus tem dois graus: acreditar superficialmente que Deus não tem parceiros, e que o universo pertence somente a Ele (tais crentes podem ser suscetíveis a desvio e confusão), e a firme convicção de que Deus é Um só, que tudo pertence a Ele exclusivamente, e que somente Ele cria, mantém, proporciona, causa a morte, etc. Esses crentes veem Seu selo e observam Sua marca em todas as coisas. Livres de dúvida, eles sentem-se sempre e em toda parte em Sua presença. Sua convicção não pode ser diluída

pelo desvio ou pela dúvida (Masnawi, 2-3).

 

2. “Deus - (Que é) o Eternamente Rogado por todos (mesmo não tendo necessidade de nada).

 

3. “Ele não gera, nem é gerado.

Declarando que Deus não gera e nem é gerado é um princípio tão evidente do Ser Divino, que é mencionado aqui para refutar os credos que atribuem filhos ou filhas a Deus. Ele refuta principal e categoricamente a atribuição pagã a Ele de serem os anjos como filhas e o ponto de vista cristão vendo- o como o Pai de Jesus, ou atribuir Jesus como Seu filho.

4. “E ninguém é comparável a Ele.”

A Religião Divina, que havia sido revelada aos Profetas de vários povos foi a mesmo em essência; mas ao longo do tempo a sua mensagem foi mal interpretada, e tinha se misturado com superstições e degenerado em práticas mágicas e rituais sem sentido. O conceito de Deus, a essência da Religião, tornou-se degradado pela: a) tendência antropomórfica de transformar Deus em um ser com forma e paixões humanas, (b) a deificação dos anjos, (c) a associação de outras personalidades com a divindade do Um e Único Deus (como no Hinduísmo e Cristianismo), (d) que fazem os Profetas ou algumas pessoas piedosas em encarnações de Deus (por exemplo, Jesus no Cristianismo, Buda no Budismo, Mahayana, Krishna e Rama no Hinduísmo ), e (e) a personificação dos atributos de Deus, como pessoas divinas separadas (por exemplo, a Trindade Cristã do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e o Trimutri Hindu de Brahma, Vishnu e Shiva). O Profeta do Islam, Muhammad (que Deus o abençoe e lhe dê paz) rejeitou todas essas tendências teológicas e restaurou o conceito de Deus na sua pureza original como o Único Criador, Sustentador e Mestre de toda a criação (Ezzati, 57-60). O Tawhid (o monoteísmo) é a mais alta concepção da divindade, o conhecimento que Deus enviou para a humanidade em todos os tempos através de Seus Profetas. Foi esse mesmo conhecimento que todos os Profetas, incluindo Moisés, Jesus e o Profeta Muhammad (a paz esteja com todos eles), trouxeram para a humanidade. As pessoas tornaram-se culpadas de politeísmo ou idolatria após a morte de seus Profetas apenas porque eles tinham se desviado dos puros ensinamentos dos Profetas. Eles invocavam seu próprio raciocínio defeituoso, falsas percepções e interpretações tendenciosas, a fim de satisfazer seus desejos, que não teriam sido capazes de fazer com um sistema baseado no Tawhid em que teriam de obedecer aos mandamentos do Deus Supremo. Relata-se que “O mais antigo na Religião”, ‘Ali ibn Abi Tálib, o quarto califa, disse: “O conhecimento acerca de Deus; a perfeição do conhecimento de Deus é O testificar; a perfeição de O testificar é crer na Sua Unicidade; a perfeição de crer na Sua Unicidade é O considerar Puro; e a perfeição de O considerar Puro é Lhe negar todos os tipos de atributos negativos.” Ele é Infinito e Eterno: Ele é Autoexistente e Autossuficiente. Como é afirmado nesta Sura: “Dize: Ele é Deus, o Único! Diz: “Ele - (Ele é) Deus, (que é) o Ú􀆵 nico da Unicidade Absoluta. “Deus - (Que é) o Eternamente rogado por todos (mesmo não tendo necessidade de nada).” Ele não gera, nem é gerado. “E ninguém é comparável a Ele. Novamente, nas palavras de ‘Ali: “Ele é um Ser, mas não pelo fenômeno de ter-Se tornado um ser. Ele existe, mas não provindo da não-existência. Está junto a tudo, mas não em termos de proximidade física. É diferente de tudo, mas não com separação física. Ele age, mas destituído de conotação de movimentos e instrumentos. Ele vê, mesmo quando nada ou ninguém há para ser visto entre a Sua criação. Ele é apenas Único, de tal forma que não há ninguém junto a Ele, a quem Lhe faça companhia ou de quem sente a falta.” (Nahj-al-Balagha,” Sermão 1”).

 

Comentando esta Sura, Said Nursi escreve que esta curta Sura, que o Mensageiro de Deus descreve como o equivalente a um terço do Alcorão, tem seis frases - três negativas e três positivas - que prova e estabelece seis aspectos da Unidade Divina, e rejeita e nega seis tipos de associação de parceiros com Deus. Cada frase tem dois significados: um a anterior (funcionando como uma causa ou prova), e o outro a posterior (funcionando como um efeito ou resultado). Isso significa que a Sura na verdade, contém 36 Suras, cada uma composta por uma combinação de seis frases e cada uma com muitos aspectos. Uma ou é uma premissa ou uma proposição, e as outras são argumentos que a suportam, como detalhado abaixo.

- Dize: Ele é Deus, o Único! Porque Ele é o Uno da Unicidade Absoluta, porque é o Eternamente rogado por todos, porque Ele não gera, nem é gerado, porque ninguém é comparável a Ele.

- Dize: Ninguém é comparável a Ele, porque ele não gera, nem é gerado, porque Ele é o Eternamente rogado por todos, porque Ele é o Uno e Único da Unicidade Absoluta, porque Ele é Deus.

- Dize: Ele é Deus, portanto, Ele é o Uno e Único da Unicidade Absoluta, por isso, Ele é o Eternamente rogado por todos, por isso, Ele não gera, por isso, Ele não é gerado, e por isso ninguém é comparável a Ele. E assim por diante. Desta forma, há milhares de Alcorões dentro do Alcorão (As Palavras:

“A Vigésima Quinta Palavra”, 393-394)

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