O Jejum Durante O Mês de Ramadan
A palavra savm é o equivalente na língua árabe para o termo “jejuar”; quer dizer exatamente “abster-se”. Savm na prática islâmica significa a abstinência consciente dos caprichos carnais ao abster-se voluntariamente de comer, beber e ter relações sexuais desde a aurora até ao pôr-do-sol para manter a disciplina espiritual e o controle sobre si mesmo. Jejuar foi exigido no mês de Cha’ban (o oitavo mês do calendário islâmico) do segundo ano depois da migração do Mensageiro (Sallal láhu alaihi wasallam) a Madina (a Hégira) Observar o jejum durante o mês de Ramadan (o nono mês do calendário islâmico) é um dos cinco pilares do Islam; é exigido no Alcorão e por isso obrigatório. No Alcorão os temas manejam-se de maneira geral. Foi o Profeta Mohammad (sallalláhu alaihi wa sallam) que proporcionou as explicações detalhadas dos decretos islâmicos mencionados no Alcorão, porque ele é o maior e principal intérprete do Livro Sagrado. A evidência alcorânica da necessidade de jejuar está no seguinte versículo:
Ó crentes, está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Allah.” (Surata al-Baqara, 2:183)
Este versículo também alude ao fato de que jejuar era uma prática decretada sobre os crentes antes da chegada do Islam. As suas origens podem-se indagar nos registros das religiões mais antigas. Apesar de algumas diferenças associadas à prática do jejum em vários sistemas de crenças, o jejum como uma instituição por razões espirituais é comum noutras religiões que encontre amplamente estabelecido dentro do judaísmo e do cristianismo. A Bíblia menciona que Jesus, Moisés, Daniel, Elias e David, (alaihimus salam), jejuaram ao longo das suas vidas. Moisés recebeu a lei depois de jejuar durante quarenta dias. De maneira similar, Jesus jejuou outros quarenta dias no deserto antes de ser chamado ao seu ministério pastoral. O profeta David (alaihis salam) jejuava cada dois dias. Esta abstinência, o jejum de David, é um dos mais virtuosos dos jejuns recomendado também no Islam. Apesar de não ser praticado pela maioria dos cristãos, jejuar é observado de uma forma ou de outra por católicos romanos, cristãos, ortodoxos e muitas denominações protestantes, onde é considerado como uma experiência espiritual pessoal.
O único fim de jejuar no Islam é procurar a complacência de Allah obedecendo a Sua prescrição. Está muito mais para lá que um ato em que só se limita a toma de alimentos ou purificamos o corpo daquelas substâncias tóxicas. Jejuar ajuda os muçulmanos a alcançar a piedade como um modo de permanecer em constante consciência de Allah, fazendo o bem, e guardando a si mesmo contra o mal.
As pessoas que costumam estar doentes ou que viajam podem interromper os seus jejuns, mas também têm que repor os dias que perderam. As mulheres menstruadas e que estão de dieta depois do parto não jejuam, e têm que repor os dias que perderam. As pessoas com doenças crônicas devem alimentar uma pessoa pobre por cada dia que perdem, não têm que repor os dias que perderam. Os eruditos estão de acordo em que a mulher grávida ou a que amamenta que esteja preocupada com a sua própria saúde ou a saúde do seu filho pode deixar de jejuar enquanto esta condição persiste. Os eruditos diferem se tem que repor os dias que perdeu ou se tem que alimentar uma pessoa pobre. Jejuar reduz os nossos desejos, exercita a pessoa na moderação de si própria. A pessoa costuma olhar para si própria. Se podemos renunciar ao que é normalmente legítimo, devemos ser capazes de abandonar ao que é sempre ilegítimo. A abstinência modifica o nosso centro de atenção, mudando-o desde as necessidades corporais até as necessidades espirituais. Esta orientação é completa no Ramadan ao abstermo-nos para investir mais tempo na leitura do Alcorão e nas orações não obrigatórias. Para que o jejum seja recompensado, para além de renunciar os alimentos e as bebidas também deve ir acompanhado de um abandono dos atos ilegítimos. O profeta indicou: “de todo aquele que não deixa de falar adulteradamente nem renuncia as más ações, Allah não tem a necessidade de que abandone os alimentos e as bebidas”.
Sentir o estômago retorcer de fome também deve fazer com que uma pessoa simpatize e compreenda de uma maneira mais profunda aqueles que sentem fome não como uma questão de opção, mas porque não podem encontrar o suficiente para comer. Portanto, o Ramadan converte-se num mês tanto de caridade como de jejum. Jejuar é obrigatório para os muçulmanos sãos e adultos só durante o mês de Ramadan. Porém, existem um número de dias específicos que são recomendados, tal qual com os três dias na metade exata de cada mês lunar, assim como cada segunda e quinta-feira. O jejum regular ajuda a manter o estado mental que se alcançou no Ramadan.
“O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão – orientação para a humanidade e evidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Allah por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais” (Sura al-baqara, 2:185).