Argumentos para a Ressurreição
A sabedoria universal demanda a Ressurreição
Deus é absolutamente livre em seus atos. Faz o que quer e ninguém pode chamá-lo para que explique o que faz. Porém, Ele é Totalmente Sábio e atua com absoluto propósito e sabedoria. Nunca se esforça em vão ou faz alguma coisa que seja frívola ou sem sentido.
Quando um homem olha para si próprio e medita sobre sua natureza, sua identidade e estrutura física e espiritual, quando estuda seu corpo com todas suas partes até as células, verá que tem sido criado para certos propósitos importantes e nem sequer tem um só átomo inútil na sua estrutura. Como o homem, o normo-universo, O Universo, que é o Ser Humano, ele manifesta grandes propósitos e inumeráveis exemplos de sabedoria em todas suas partes. Não há nada sem sentido e inútil nem sequer do tamanho da asa de um mosquito.
O homem possui um lugar único entre a criação. Qualquer coisa que esteja no Universo, Deus tem colocado algum aspecto dela na criação do homem. Com suas faculdades mentais e espirituais representa o mundo angelical e outros espirituais como o dos símbolos ou as formas imateriais. E, além do mais, pela virtude de sua capacidade inata para aprender e o livre-arbítrio com o qual está dotado, ele tem o potencial para ultrapassar inclusive aos anjos. Com seu ser físico e biológico representa às plantas e os animais. Embora contido no tempo e no espaço, com suas faculdades espirituais e outros poderes como a imaginação, vai mais além do tempo e do espaço. Apesar do valor incomparável e indescritível do homem entre as criaturas, alguns seres humanos morrem ao nascer e outros morrem muito jovens. Ademais, o homem deseja a eternidade e uma vida eterna, alguns de seus sentidos ou sentimentos se satisfazem com nada, salvo a eternidade. Se deixassem que fosse livre de escolher entre a vida eterna com os graves sufocos e a falta de existência eterna após uma breve vida luxuriosa, muito provavelmente preferiria a vida eterna com as angústias. E inclusive preferiria a existência eterna no Inferno à falta de existência eterna. Deus, quem é o Misericordioso e o Sábio, não condenou o homem à falta de existência eterna. Nem lhe deu o desejo pela eternidade para que sofra a angústia de um desejo de coração impossível de satisfazer. Assim, a Sabedoria Divina requer a existência de um mundo eterno onde o homem viverá para sempre.
O mundo não é suficiente para o juízo correto do valor do homem. Embora, fisicamente, ele é um pequeno corpo, através de suas faculdades mentais e espirituais abraça todo o universo. Seus atos não se relacionam somente com o mundo visível e não se pode restringir pelo tempo e pelo espaço. Possui uma natureza tão universal que até os atos do primeiro homem têm efeitos sobre a vida e o caráter do último homem, durante toda a existência. Restringir ao homem, como o fazem os materialistas, a uma entidade física e a uma parte muito breve do tempo e uma porção limitada do espaço, vem a ser a pior insolência dirigida ao homem e uma falta de respeito para com ele. As balanças deste mundo não podem pesar o valor intelectual e espiritual dos Profetas e suas conquistas, nem podem pesar à medida da destruição causada pelos indivíduos desafortunadamente notórios como Faraó, Nero, Hitler, Stalin e outros semelhantes. As balanças deste mundo não podem pesar o verdadeiro valor duma crença sincera e de qualidades morais. Com isto podes recompensar a um mártir que tem sacrificado a si próprio, a seu mundo, por seu Deus, pelos outros ou por alguns valores humanos universais como a justiça e a sinceridade? Com isto podes recompensar a um cientista crente que se tem dedicado ao serviço da humanidade e idealızou um invento do qual toda a humanidade se beneficiará até o último dia? Somente são as balanças do outro mundo, balanças que podem inclusive pesar o peso do bem de um átomo e o peso do mal de outro, isto sim pode ser feito. Estabelecemos uma balança justa para o Dia da Ressurreição. De outro modo, nenhuma alma será tratada injustamente. Ainda que tenha o peso de um grão de mostarda, Nós lhe daremos a luz para que seja pesada; e Nosso cálculo será suficiente (21:47). Suponhamos que não tivesse mais nada que requeresse a Ressurreição, a necessidade dos atos do homem ao estar pesados somente requereriam que se estabeleça um balanço infinitamente justo e sensitivo.
Deus não está obrigado a fazer nada. Faz o que deseja e atua apesar do que quer. Não obstante, partindo do fato inegável de que qualquer coisa que faz é feita por certos objetivos, podemos concluir que Sua Sabedoria universal requer a Ressurreição.
É concebível que o Ser Majestoso, que manifesta a soberania de ser o Senhor na ordem, a proposição, a justiça e equilíbrio prevalecentes no universo todo, desde os átomos até as galáxias, não demonstre Seu favor para aqueles crentes que buscam a proteção de Ele, seu Senhor e Soberano, que crê em Sua Sabedoria e Justiça e atua conforme eles através da adoração? Assim é concebível que não deva castigar àqueles impudicos que, negando Sua Sabedoria e Justiça, se voltam contra Ele com uma insolência rebelde? Posto que, neste efêmero mundo, apenas uma milésima parte de Sua Sabedoria e Justiça estão estabelecidas com respeito ao homem, é certo que estão diferidas. Mas, as maiorias dos extraviados partem deste mundo sem serem castigados, e a maior parte dos guiados partem sem ser recompensados. Tais assuntos, seguramente, são diferidos para um tribunal supremo, um último contentamento.
Está claro que Quem administra este mundo o faz de acordo a uma infinita sabedoria. Necessitas convencer-te? A prova está na maneira que o uso e o benefício em todas as coisas estão manifestos. Tu não tens visto para quantos propósitos sábios serve cada membro, osso e veia no homem, por cada célula de seu cérebro, (por) cada partícula de cada célula em seu corpo? Na verdade, os propósitos são tão numerosos como os frutos duma árvore, o que confirma que todo está arrumado segundo a infinita sabedoria. Uma prova a mais é a absoluta ordem na maneira de fazer as coisas.
Em suma, há propósitos universais para a existência terrena do homem. Como se declara no Alcorão, Consideras-te que só te criamos em vão, e que não terás que voltar para Nós? Sendo assim, exaltado seja deus (de se esforçar no que é em vão), o Soberano, a verdade. Não há mais Deus que Ele, o Senhor do Nobre Trono (23:115-16), o homem não tem sido criado por pura brincadeira ou afeição. A sepultura, a falta de existência eterna, não é a meta de sua vida. Foi criado para outra vida eterna na qual todos seus atos o prepararão para um mundo muito grande e eterno cheio de beldades e benções eternas ou males e perversidade.
A misericórdia e magnificência divinas requerem a Ressurreição. Observamos no mundo que quanto mais necessitada e desamparada fique uma criatura, melhor é alimentada. Por exemplo, durante as primeiras etapas da vida, um ser humano é nutrido da melhor maneira e sem esforço antes e imediatamente depois de seu nascimento. Enquanto vira um adulto consciente de sua força e faculdade da vontade pessoal, ele começa encontrar suas necessidades com grandes dificuldades para ganhar-se a vida.
Similarmente, os animais como os lobos e o as raposas, que confiam em seu poder e esperteza, apenas são alimentados apesar do esforço e o trabalho árduo que suportam, enquanto as minhocas de frutas vivem do melhor alimento e de um modo muito cômodo. As plantas, uma espécie de criaturas incapazes de se locomoverem, tomam seu alimento preparado sem esforço nenhum. Todos estes exemplos, junto com muitos outros, claramente demonstram que existe Alguém absolutamente Misericordioso e Dadivoso, o qual governa todas as criaturas, as ampara ou as sustenta.
Deus é eterno, e assim são Sua Misericórdia e Magnificência. Um Eterno que se manifesta Só eternamente e requer a existência dos seres eternos. Sua Misericórdia e Magnificência eternas demandam manifestação eterna e, portanto, seres eternos em quem conferirá Suas generosidades eternamente. Contudo, o mundo atual, predominantemente material está destinado a perecer: a morte de milhões de criaturas vivas cada dia, a extinção de numerosas vidas, é o indicativo do final deste mundo, a morte em geral. Além disto, o mundo material não pode receber as manifestações dos Nomes e Atributos Divinos em toda sua extensão. Também, os seres vivos têm que fazer muito esforço e lutar através de muitas aflições e dificuldades para se manter por eles mesmos. Para os seres humanos em particular, é impossível gratificar todos seus desejos e apetências. Tais qualidades como a juventude, a beleza e a força, sobre as quais um homem coloca seu coração, abandonam-no sem sequer lhe dizer adeus e deixam-lhe detrás grandes penúrias, causando-lhe dor. Ademais, para obter, por dizer, um cacho de uvas, deve realizar certo esforço. Seria claramente uma dor, inclusive um insulto e uma burla, deter eternamente a nutrição depois que a tenham provado aqueles que necessitam do alimento. Para que uma benção seja realmente tal, deve de ser constante. Sem uma vida eterna, na que o homem será capaz de gratificar todos seus desejos eternamente, todas as generosidades e benções que Deus Todo-poderoso confere para o homem neste mundo, converter-se-ão em penas e dores. Portanto, após sua destruição geral, Deus converterá o mundo num mundo eterno que seja capaz de receber as manifestações de Sua Misericórdia e Magnificência, sem nenhuma obstrução na que o homem possa satisfazer todos seus desejos eternamente.
A Piedade e o Cuidado requerem a Ressurreição. É através da Piedade e o Cuidado Divino que as feridas, os corações e sentimentos feridos são curados. Sem esta Piedade e Cuidado, não poderias deter o sangramento duma ferida. É esta Piedade e Preocupação que faz que um paciente se recupere, que se detenham as dores da separação e que as penas e dores se convertam em alegria e prazer. A Piedade e o Cuidado por eles próprios levam a ajuda aos homens e animais em todas as etapas de suas vidas, especialmente antes e depois de seu nascimento. Em sua etapa de embrião, os úteros de suas mães se convertem em lares bem protegidos para ambos seres, nos quais são nutridos diretamente através de seus úteros sem ter nada que façam sós, e, após seu nascimento, a Piedade e o Cuidado Divino enviam o melhor alimento na forma de leite materno impossível de substituir com qualquer outra coisa. Além disso, todos os sentimentos de piedade e preocupação compartilhados por todos os pais e mães são uma só manifestação da Piedade e o Cuidado Divino.
A Piedade e o Cuidado Divino abrangem todo o Universo, mas encontramos no mundo numerosas feridas e sentimentos feridos sem cura(r) e numerosos casos de enfermidades incuráveis. Inumeráveis seres vivos sofrem de fome, sede e pobreza. Como no caso da Misericórdia e Magnificência Divinas, o mundo material também é incapaz de receber todas as manifestações da Piedade e do Cuidado Divinos. Especialmente a incapacidade dos homens para receber essas manifestações, além das injustiças de muitos e o mau uso de suas habilidades inatas, intervém entre os seres e as manifestações da Piedade e o Cuidado Divino. Sobretudo, a morte é o destino de todos os seres vivos; nada além da crença no outro mundo eterno pode deter as dores que despertam nos corações.
O Mensageiro de Deus, que a paz e as benções estejam com ele, uma vez estava sentado na Mesquita quando alguns prisioneiros de guerra foram trazidos diante dele. Uma mulher que estava buscando algo com grande ansiedade chamou a atenção do Mensageiro. Quando ela viu que era uma criança, a mulher tirou esta de seu peito e a deixou. Devia haver estado procurando seu filho. Finalmente o encontrou e o abraçou, pressionando o menino contra seu peito e acariciando-o com um grande afeto. Isto fez que o Mensageiro se desdobrasse em pranto e, assinalando a mulher, a seus Companheiros aa redor:
“Vês a essa mulher? Colocou a esse menino em seus braços dentro do Inferno? ‘Não!’, responderam os Companheiros, e o Mensageiro acrescentou: Deus é muito mais compassivo que essa mulher. Não lança a Seus servos dentro do Inferno a menos que os servos o mereçam de modo absoluto”.
O outro mundo é o mundo onde tanto a Piedade como o Cuidado Divino serão manifestados completamente sem intervenção nenhuma e sem permitir dores e penas.
A Justiça e a Honra Divinas demandam a Ressurreição. Os Nomes e os Atributos de Deus são todos absolutos e eternos. Como Ele é absoluto e eternamente Misericordioso, Pacificador e Indulgente, bem como Absoluto e eternamente Poderoso, Justo e Solene. Embora Sua Misericórdia abraça todas as coisas (7:156) e, como se declara num hadiz, “excede Sua ira”, que certas pessoas cometem crimes e pecados tão grandes (como a não crença e o associar-lhe companheiros a Deus) e o que é merecido para elas somente pode ser o castigo eterno. Além disso, apesar da Divina declaração pela qual qualquer um que mate injustamente um ser humano, é como se matasse a toda a humanidade (5:32), em especial num mundo como o de hoje no que se poderia aplicar muito bem esta regra, pela quais milhares de pessoas inocentes são assassinados quase todos os dias, e muitas outras são danificadas e privadas de seus direitos humanos básicos e pior ainda, muitos dos pecados e injustiças mais abomináveis prosseguem sem serem punidos. Quando chega a morte, esta não discrimina entre oprimidos e opressores, inocentes e criminosos, entre os que se acham livres de pecado e os pecaminosos. Isto significa que, como é o caso deste mundo em que os pequenos crimes se julgam em pequenos tribunais enquanto os grandes são remitidos a tribunais supremos, todos os crimes e pecados tão grandes como a não crença e associação de companheiros a Deus e o assassinato e a opressão, são adiados para um dia que Deus haverá de julgá-los com Sua absoluta Justiça.
Seguramente chegará um dia no que aqueles que lhe deram as graças a Deus correspondentes a Ele sejam recompensados, Comam e bebam para a alegria de seus corações pelo que fizeram nos dias passados (69:24) e Que a paz esteja convosco! O fizeram bem. Entrem aqui para viver eternamente (39:3), no lugar onde Deus preparou para eles as coisas que os olhos jamais viram, que os ouvidos jamais ouviram, e nenhuma mente jamais concebeu.
Enquanto aqueles que mancharam o mundo com o sangue que derramaram e os pecados que cometeram, serão jogados para o Inferno com o grito: Entrem (através) das portas do Inferno para viver ali eternamente: que má residência para o arrogante! (39:72)
A graça e a generosidade divinas requerem a Ressurreição. Um Sábio perguntou a Harun al-Rashid, um dos califas da Abassia:
“ Se necessitasses desesperadamente um copo de água, abandonarias teu reino em troca dele? Respondeu Harun que sim, o faria. ‘Se não pudesses descarregar em teu corpo, darias outra vez teu reino em troca de ser capaz de descarregá-la?’ Outra vez responde Harun ‘Sim o faria’. O Sábio conclui: ‘Então, toda tua riqueza e teu reino se consiste em um copo de água! ”.
Somos providos de qualquer coisa que necessitamos. Quanto mais seja necessário esse algo para a vida, mais abundante e barato está na natureza. Assim, o que mais necessitamos é o ar e não o damos em troca de nada. Logo vem a água, e também por nada. Deus a envia a partir de Sua infinita Misericórdia. Não temos nenhuma parte ou contribuição para sua formação. Depois, necessitamos desesperadamente o calor e a luz, e o Sol o envia para nós outra vez sem pedir nada. Com respeito às outras generosidades com as que somos abençoados, são extremamente baratas. (Pobre homem! Está cego para todos estes atos miraculosos de Deus e ainda reclama ver um milagre para crer em Deus. Qualquer coisa que façamos para consegui-las, só requer fazer um pouco de esforço. Porém, se todas estas generosidades não fossem outorgadas eternamente e de um modo muito melhor, o temor à morte as transformaria em veneno quando tomássemos um pouco, uma gota ou uma molécula delas.
Graças ao ser eterno de Deus com todos Seus Nomes e Atributos, nos será provido para sempre e sem que nos seja pedido fazer algum esforço, com formas sempre melhores a todas as generosidades que nos entrega aqui neste mundo, e desta forma não transforma Suas benções nas penas devido ao medo da morte, fazendo que esta seja uma mudança de mundos, uma descarga dos deveres mundanos, um convite à residência eterna que Ele tem preparado para nós, e um passaporte para ir a essa residência.
A Beleza Divina requer a Ressurreição. Escuta o canto dos pássaros numa manhã primaveral, ou o murmúrio dum arroio que flui pelos campos verdes ou profundos vales. Olha a beleza das planícies verdes espetaculares e as árvores em floração e observa a saída ou o pôr do Sol e a Lua cheia numa noite sem nuvens e clara. Todos estes espetáculos junto com muitos outros que Deus apresenta a nossos sentidos, são somente um reflexo da Beleza absoluta e eterna de Deus manifesta através de muitos véus. Observando tais manifestações da Sua Beleza, através das quais ele quer se fazer conhecer ante nós, entramos em êxtase.
Quaisquer das benções que não são eternas deixam dores insuportáveis em nossos corações através de sua desaparição. Se a primavera que passou não chegasse outra ao ano seguinte, suspiraríamos por ela até morrer. Logo, a verdadeira benção é aquela que é eterna. Esse é o porquê pelo qual Deus, o Eternamente Belo, nos mostra no mundo só as sombras da Sua Beleza para despertar em nós um desejo por Suas manifestações eternas e perfeitas. E, o que mais, haverá de permitir-nos algum modo de vê-lo no Paraíso de forma independente a qualquer uma das medidas ou dimensões qualitativas e quantitativas: Nesse dia haverá rostos brilhantes, olhando fixamente a seu Senhor. (75:22-3)
A relação mútua e harmoniosa entre as coisas e o homem é um indicativo da Ressurreição. Há uma relação básica entre o homem e o mundo exterior. Quando um homem chega ao mundo, encontra-se cercado por um meio ambiente amigável. Nasceu equipado com sentidos e há coisas no mundo exterior para que sejam sentidas por ele. Ademais, ele tem sentimentos como a compaixão, a piedade, a preocupação, o amor e há muitas coisas no mundo para serem amadas, para preocupar-se por elas e sentir piedade. Sente fome, sede, frio e calor. Afortunadamente, ele encontra as coisas com as quais remediará sua fome e sede e com as que se esquentará e esfriará, preparadas de antemão ou de modo que as possa obter com um mínimo esforço.
Como exemplo, peguemos uma maçã. Com sua cor e beleza, acode a nossos olhos e nosso sentido de beleza. Com seu sabor, dirige-se sozinha a nosso sentido do paladar. Com suas vitaminas, nutre nosso corpo. Apesar de nossa necessidade por seus nutrientes, se fosse algo feio e insípido, ficaríamos aborrecidos com ela e privados de sua nutrição.
Tudo isto, junto com muitos outros fatos “naturais”, demonstra claramente que há Alguém que criou o homem e preparou o meio ambiente para ele, e que Alguém tem conhecimento e poder infinito. Conhece ao homem com todas suas necessidades, capacidades e qualidades, como conhece a “natureza” até seus elementos de construção mais diminutos que são os átomos, partículas ou quark(s).
Noutro exemplo, a reprodução depende do amor e da atração mútuas entre os sexos. Se Deus, o Único Que tem criado o homem e preparado o meio ambiente para ele, não tivesse colocado no homem e na mulher o amor pelo outro e a atração mútua, e se não lhes tivesse dado o benefício da reprodução por adiantado como prazer sexual, e se não lhes tivesse inculcado um grande amor e preocupação por sua prole, a humanidade não se teria reproduzido e se teria extinguido, consistindo tão só do primeiro homem e mulher.
A morte põe um fim a todos os prazeres e faz de todo como se nunca tivesse existido. Então, se não fosse pela Ressurreição, esta vida seria reduzida a um brinquedo sem sentido, deixando detrás os sofrimentos e as dores. Sem dúvida, este mundo é uma miniatura sombreada do outro, do eterno. As generosidades que Deus nos entrega aqui são somente exemplos de suas formas eternas e muito melhores no mundo eterno. Deus as concede para estimular-nos a atuar para merecê-las. O Alcorão declara:
“Dá notícias alegres para aqueles que crêem e realizam atos bons. Para eles haverá Jardins sob os quais fluem rios. Cada vez que se lhes sirva frutas ali dentro, dirão: ‘Isto é o que nos foi dado previamente!’ Serão dados em perfeita semelhança. E haverá cônjuges puros para eles, e habitarão ali para sempre”.
Também, todas as alegrias, belezas, atos de recompensa e exemplos de felicidade neste mundo assinala suas formas perfeitas e eternas no Paraíso, enquanto que as dores, castigos e exemplos de indignidade e tristeza são um sinal de seus gostos no Inferno. Na realidade, Deus construirá o outro mundo com o volume material deste, que o Inferno fará apropriado para esse propósito através das agitações do Dia do Juízo Final. Desta maneira, a inter-relação entre as coisas no mundo, entre este e o outro decisivamente assinala a Ressurreição.
O registro e a preservação no mundo assinalam a Ressurreição. Nada desaparece por completo do mundo. Enquanto cada palavra e ato do homem se possam registrar em fitas e preservá-las, por que não deveríamos ser capazes de compreender que Deus registra as palavras e os atos da humanidade de alguma maneira, que, ainda, não nos é conhecida ?
Os avanços nas ciências e a tecnologia ministram cada dia alguma nova evidência para a existência e Unidade de Deus e afirma, junto com a origem Divina do Alcorão, a verdade dos dogmas Islâmicos da crença. Isto é, na realidade, o que declarava o Alcorão faz séculos: Mostrar-lhes-emos Nossos sinais no mundo exterior e dentro deles até que se manifeste entre eles que o Alcorão é a verdade. Não é suficiente teu Senhor, já que Ele testemunha sobre todas as coisas? (41:53).
Se a pessoa for sincera na busca da verdade e tem o “poder de visão” para ver a verdade tal como ela é, se a pessoa não estiver cega para a verdade pelos preconceitos, a ignorância, as metas e os desejos mundanos, cada novo avanço nas ciências manifesta a verdade do Alcorão. Vemos no Universo que Deus encerra tudo em coisas tão pequenas como as sementes. Um homem, toda a informação que o descreve (seu código genético) se encontra em um espermatozóide, exatamente em seus cromossomos que somam 46. Se tivesse 44 ou 48 cromossomos, e não 46 transformar-se-iam num ser completamente diferente. Similarmente, quando tenha desaparecido na terra depois da morte, novamente, a parte mais essencial dele, que possui o significado da sua existência como uma semente a possui por uma planta, não desaparece, e Deus o reconstruirá durante a Ressurreição nessa parte. Deus preserva tudo e não permite que desapareça para sempre. Por exemplo, quando uma planta se murcha no outono ou no inverno, continua vivendo em inumeráveis recordações, como segue vivendo através de suas sementes para voltar à vida na seguinte primavera.
Precisamente como Deus preserva as coisas em suas sementes, também assim preserva os sons, as vozes, as aparências e as visões em “gravações” ou outros mecanismos para descarregá-los no outro mundo. Quem sabe possa chegar o dia quando estes sons e visões sejam descobertos enquanto ainda estivermos no mundo?
Recordo que uma vez li sobre um experimento levado a cabo por um cientista para descobrir um assassino. As pessoas suspeitas foram trazidas uma por uma embaixo da árvore no qual se tinha cometido o crime. A árvore não mostrava nada de incomum, até que foi trazido o assassino debaixo dela. De alguma maneira, a postura ou atitude, qualquer coisa que o assassino tinha desenvolvido durante o crime se havia gravado na árvore. Desta maneira, Deus, que preservava um homem, num espermatozóide uma planta em suas sementes, e uma galinha num ovo, e faz que se manifeste isso, registra tudo em fitas invisíveis para lhe facilitar ao homem registrar e preservar os sons e imagens, não deixará ao homem, de quem tem feito a mostra mais nobre e perfeita da existência, a seus próprios mecanismos, ou deixará que desapareça seu registro; ou seja, o trará de volta a vida num mundo diferente e eterno.
O poder divino prova a Ressurreição. Consideremos um átomo numa molécula. Como está formado e mantém suas relações com os outros átomos é um milagre assombroso. Igualmente, o sistema solar que compreende o sol e os planetas se assemelha a um átomo: criar átomos e regular seus movimentos não é mais fácil de nenhuma maneira do que criar o sistema solar e estabelecer as relações entre os planetas, entre eles e o sol. Similarmente, uma célula é como um governo autônomo: tem departamentos próprios, cada um está inter-relacionado com os outros e opera sob a regra de um, o central −o núcleo. Também possui um ministério de finanças que conduz seus ingressos e gastos −a mitocôndria. É como se cada uma das células que compreendem o corpo de um homem, que soma 60 bilhões, tivesse a capacidade intelectual do membro mais inteligente da humanidade. Além do mais, há relações muito próximas e substanciais entre as células de um homem, que operam sob a regra de um único centro, que é o cérebro.
Estes são só alguns exemplos para entender o Poder do Criador, para Ele que nada é difícil, para Ele que criar e administrar todo o Universo é igualmente tão fácil como criar e administrar um único átomo. Se toda a humanidade, que é a mais inteligente das espécies da criação, se reunisse para criar um só átomo, não poderia fazê-lo. Assim, se esse Ser, o absolutamente Poderoso, prometeu que destruirá o Universo e o voltará a construí-lo de uma forma diferente, seguramente é muito capaz de fazê-lo e o fará. Mas alguém que não mantém sua palavra é porque é um mentiroso ou incapaz. Contudo, Deus Todo-poderoso é absolutamente capaz de fazer qualquer coisa que queira, de prometê-lo, e não mente em absoluto. Está totalmente livre de qualquer defeito. Sendo assim, manterá Sua palavra e voltará a criar o mundo depois de sua destruição total. O Dia da decisão e o Juízo Final é um tempo já fixado, um dia para que a Trombeta seja tocada e cheguem em multidões, e o céu seja aberto e se converta em portas (78:17-10).
A morte e o renascimento no mundo indicam a Ressurreição. Uma morte e um renascimento global se repete cada ano no mundo. No inverno, um “sudário” branco cobre a terra cujo ciclo de vida anual já tem terminado no outono. A natureza já tinha ficado pálida pelos rastros da vida que são cada vez menos. As cascas das sementes caíram e, ultimamente, as árvores não têm mais vida como os ossos rígidos. A erva tem apodrecido, as flores têm murchado, os pássaros migratórios foram embora e os insetos e répteis sumiram.
Todavia, a época de inverno não é eterna, é seguida por um renascimento geral sobre toda a terra. Quando o clima fica quente, as árvores começam a florescer e, levando seus enfeites, apresentam-se ante a testemunha Eterna. O chão se incha e a erva e as flores começam a irromper entre nós por todas partes. As sementes que caíram na terra no outono anterior germinaram e, tendo-se aniquilado elas mesmas, puseram-se em marcha para se converter em novas formas de vida. Os pássaros migratórios regressam e a terra pulula de incontáveis insetos e répteis. Ao final, com todo seu esplendor e enfeites, a natureza aparece ante nós.
Consideremos como sucede o acontecimento da fotossíntese nas árvores: as folhas destes são os pulmões e mediante a luz solar separam o dióxido de carbono e o oxigênio. Em outras palavras, o oxigênio é despedido e o carbono retido e combinado com o hidrogênio da água trazida pela planta desde suas raízes. Por meio da química, com esses elementos Deus elabora o açúcar, a celulose e numerosos outros elementos químicos, frutas e flores (todos com aromas, sabores, cores e formas diferentes, segundo a classe de planta e árvore). O mesmo dióxido de carbono e a água contribuem para o crescimento de inumeráveis tipos de frutos; cada um destes tem um sabor diferente, claramente próprio. Contudo, embora isto pareça um processo simples, se toda a humanidade se reunisse para produzir uma só fruta, uma maçã ou uma cereja, por exemplo, não seria capaz de fazê-lo.
A respiração custa para uma árvore um alto valor energético. Mesmo assim, através da mesma respiração, ela tem muitas vezes mais ingressos e a deposita, já que passou uma longa noite antes disto durante a qual a direção de sua respiração se inverteu. Durante a noite, uma árvore toma oxigênio e expele dióxido de carbono.
Consideremos quais resultados deliberados produzem as ações duma arvore inconsciente. E logo meditemos se é realmente concebível que algo completamente ignorante e inconsciente, inclusive de sua própria existência e que não desfruta de um poder de escolha, é capaz de fazer tão extensas como requer um conhecimento, um poder e escolha ampla. Assim, o Poder que adjuntos propósitos tão significativos para uma árvore e cria os meios de muitos resultados deliberados, seguramente não abandonará a seus próprios mecanismos a fruta da árvore da criação, a saber, o homem, bem como não o condenará à aniquilação eterna. Deus tem criado ao homem para muitos propósitos deliberados e, sem lhe permitir permanecer eternamente mesclado na terra, o trará de regresso à vida num mundo eterno. Precisamente tal como preserva uma fruta nas recordações e através das sementes, como regressa a semelhança desta ao verão seguinte logo de tê-la promovido para um nível mais alto de vida num corpo animal ou humano, assim também promoverá ao homem para um nível mais alto de vida em outro mundo seguindo a destruição total deste.
Deus criou o mundo enquanto não havia nada, e criou o homem enquanto não há nada dele no mundo.Traz juntos os blocos de seu corpo desde a terra, o ar e a água e os faz um ser consciente e inteligente. Há alguma dúvida de que um construtor de máquinas que fez uma nova máquina possa pôr e voltar a pôr em suas antigas posições as peças destas depois delas terem virado pedaços? Ou é inconcebível que um comandante não possa reunir o exército que tem dispersado para que descanse, com a chamada da corneta? Do mesmo modo, durante a reconstrução do mundo trás seu colapso total, Deus Todo-poderoso, reunirá os átomos do homem que tem mesclado na terra e lhes concederá uma forma de vida mais elevada e eterna: Diga: Viaja pela terra e vê como Ele originou a criação, logo Deus dá a luz o último crescimento. Seguramente, Deus é capaz de fazer todas as coisas (29:20); e Olha as pegadas da misericórdia de Deus na criação: como dá vida à terra logo após sua morte. Certamente, Ele é o mais rápido dos mortos da mesma maneira, e é capaz de fazer todas as coisas (30:50).
Muitos outros fenômenos no Universo assinalam a Ressurreição. Um grande cuidado se demonstra e muitos propósitos se juntam, inclusive para as coisas de aparência mais insignificante no mundo. Por exemplo, a celulose é o tecido estrutural que forma a parte principal de todas as plantas e árvores. Através de sua elasticidade, facilita-lhe às plantas o dobramento e as protege para que não se quebrem. A celulose tem um lugar importante na indústria do papel.
A digestão da celulose é muito difícil. Somente as enzimas secretadas pelos animais ruminantes podem dissolver a celulose. Contudo, a celulose é aconselhável para uma fácil excreção, acelera o funcionamento dos intestinos e previne os problemas estomacais. Os animais são como fábricas que convertem as substâncias com celulose em matéria útil. O excremento dos animais se usa como adubo. Inumeráveis bactérias no solo consomem o excremento; deste modo ambos aumentam a produtividade do solo e limpam a terra dos elementos que cheiram mal.
Mas para as bactérias na terra, seria impossível sobreviver no mundo. Citemos então um só exemplo: se as moscas nasceram numa única época primaveral, elas não sumiriam na terra, pois formariam uma densa cobertura sobre toda a Terra. Através das manifestações de Seu Nome, o que Tudo (o) purifica, Deus Todo-poderoso emprega as bactérias para limpar a Terra. Alguma vez consideraste por que motivo os bosques estão tão limpos, embora muitos animais morram neles cada dia? É porque os animais carnívoros e as bactérias comem e limpam a terra deles. Para concluir, acreditas que Deus, quem emprega as criaturas de aparência mais insignificante para que sirvam em muitos grandes propósitos, permite ao homem que se apodreça na Terra, reduzindo assim sua existência a uma total inutilidade?
Assim, uma ferida curada mostra o vigor do corpo. Uma fruta recorda a árvore na qual cresceu. As pegadas assinalam ao que passou. Uma filtração de água indica uma fonte de água. Similarmente, a sensação de eternidade no homem e seu desejo por tê-la são sinais de Alguém Que é eterno e do mundo eterno.
Este mundo com tudo o que se encontra nele nunca pode satisfazer ao homem. Ele desborda com sentimentos sutis e refinados e aspira a ideais elevados, que possivelmente nunca se originaram na matéria e o mundo material. Estas são reflexões do homem sobre as dimensões infinitas e imateriais da existência.
Os filósofos, especialmente os muçulmanos, chamam ao Universo de macro-humano, enquanto descrevem ao homem como um normo −ou micro-cosmos−. Como o homem, o Universo é toda uma entidade e todas as partes estão inter-relacionadas umas com outras. Quem sabe se não há um anjo delegado para representar o Universo, alguém servindo como seu espírito. Como o homem, o Universo também sofre injurias e, como refere Einstein, os novos corpos estão formados em seus cantos remotos. Precisamente como o homem tem um tempo já fixado para morrer, assim o Universo também o tem.
Temos escasso conhecimento sobre a existência. Enquanto aumentamos no conhecimento sobre esta, paradoxalmente, também aumentamos nossa ignorância sobre ela. A existência é um constante fluxo e fazemos pouco mais que observá-lo. O Profeta Mohammad, o Mensageiro de Deus, que a paz e as benções estejam com ele, costumava rezar: Ó Deus, mostrai-me a realidade das coisas!
Não há nada sem propósito no “palácio” do Universo. Seu sistema ecológico é tão complexo e as partes que o compreendem estão tão inter-relacionadas umas com outras que da falta ou da mudança de uma delas pode resultar a destruição do Universo. Para expressar esta realidade, o Mensageiro de Deus, que a paz e as benções estejam com ele, declarou: Se os cachorros não fossem uma comunidade como vós, eu ordenaria seu assassinato. Se as bactérias dentro das árvores fossem eliminadas, não seríamos capazes de obter frutas das árvores. Cada espécie, inclusive cada coisa, tem um lugar próprio e importante na estrutura do universo. Um Universo tão magnífico não pode sê-lo sem um propósito. Funciona por uma linha de tempo em movimento. Como os segundos assinalam os minutos, os minutos as horas e as horas o final do dia presente e a chegada do próximo, e os dias assinalam as semanas, as semanas os meses, e os meses os anos após anos até o final da vida, logo a existência tem seus próprios dias em sua mesma esfera e dimensão, e o espaço de vida assinalado por ela anteriormente chegará ao final. Também, o tempo continua em ciclos. Por exemplo, um cientista estabelece que o milho é produzido abundantemente cada sete anos e os peixes chegam em abundância cada quatorze anos. O Alcorão assinala este fato em a Sura de José.
A vida da existência em geral possui certos términos ou ciclos. A vida mundana é um ciclo ou término, a vida da sepultura é outro ciclo, e a vida eterna é o último ciclo que tem muitos ciclos ou términos próprios. O Alcorão chama a cada um deles um dia. Isto é assim devido a que um dia é a unidade mais curta dos ciclos do tempo. Corresponde a toda a vida da existência que o dia nos lembra da vida mundana com suas divisões do amanhecer, a manhã, o meio-dia, a tarde, e a noite correspondendo ao nascimento, a infância, a juventude, a velhice e a própria morte respectivamente e que a noite se assemelhe à vida intermédia da sepultura e a manhã seguinte, a Ressurreição.
A história registra a crença na Ressurreição por parte de quase todas as pessoas anteriores. A história conta para nós que quase todas as pessoas anteriores acreditaram na Ressurreição. Até mesmo o Faraó do antigo Egito, que reclamava a divindade, acreditava na Ressurreição. E como acreditavam na Ressurreição, queriam que suas coisas mais apreciadas fossem sepultadas junto com eles e seus escravos, dentro dos túmulos. Líamos nas inscrições encontradas nos seus túmulos: “Depois de sua morte, os pecadores adquiriram formas feias e permaneceram embaixo da terra para sempre até a eternidade, enquanto que as almas puras se reuniram aos anjos e viverão entre os exaltados”.
Nas folhas enterradas junto com os mortos, também lemos petições como a seguinte:
As saudações são para Ti, Ó, Divino Ser Exaltado! Tenho vindo a tua presença para contemplar teu rosto infinitamente formoso. Por favor, agracia-me com esta observação! Não injurie a ninguém, nem trai. Não fiz chorar a ninguém, nem matei. Tampouco oprimi alguém. Estou aqui ante tua presença para te apresentar minha situação. Só desejo contemplar teu rosto.
Se formos buscar através dos túmulos, epitáfios, materiais escritos e obras de arte que ficaram de pessoas passadas ouvirão os suspiros da eternidade repercutindo ao longo de todo o passado da humanidade. Apesar das alterações e das distorções que a passagem do tempo tem feito nos séculos seguintes, facilmente podemos discernir a crença na eternidade na antiga Índia, China e Grécia, tal como na maioria da filosofia Ocidental.
Por exemplo, Shahristani, um historiador e teórico muçulmano escreveu algo que Zoroastro disse: “O homem tem um dever para com o mundo. Aqueles que fazem seus deveres satisfatoriamente, ganharão a pureza e se uniram aos habitantes das residências mais elevadas, Mesmo assim, os outros, que deixam de realizar seus deveres, serão condenados a ficarem soterrados até a eternidade”.
Durante a Historia houve muitas religiões na Índia, embora seja altamente provável que estas religiões foram as variedades deturpadas de uma só religião verdadeira. Apesar de que foram muito deturpadas, quase todas contêm o princípio da crença na Ressurreição e a eternidade. Em muitas destas religiões, a crença na eternidade adquire a forma da crença na reencarnação. Contudo, Buda não acreditava nos ciclos eternos da reencarnação. Ele acreditava que as almas ao final voltariam ao Ser Absoluto e encontrariam a paz e o contentamento eterno. As almas que entram em outros corpos são más e o fazem para serem purificadas neles. Quando purificadas também voltam ao Ser Absoluto achando a paz e a felicidade.
Um antigo poeta grego, Homero, escreve sobre os refúgios das almas. Acreditava que as almas, as quais se manifestam aqui nos corpos, tinham refúgios em outro lugar. Pitágoras, um matemático grego, acreditava na Ressurreição e argumentava que as almas purificadas se juntariam aos habitantes exaltados dos mundos mais elevados, enquanto as almas más ficavam aprisionadas na terra e permaneciam envolvidas em chamas de fogo. Platão atribui a Sócrates muitos argumentos para a Ressurreição e a vida eterna, alguns destes são os seguintes:
O homem deveria ser virtuoso. Converter-se em virtuoso requer resistência contra os desejos carnais. Isto significa uma privação por parte do homem. Esta privação será recompensada com uma vida eterna e feliz. Os opostos se seguem mutuamente no mundo. A luz e as trevas, a primavera e o outono, o dia e a noite se seguem mutuamente. A morte seguirá à vida, assim que outra vida segue à morte. Todavia, esta segunda vida será eterna.
Todos, às vezes sentimos como se tivéssemos experimentado algo antes que esse algo nos ocorra. Isto significa que vivemos esta vida em outro mundo, o mundo dos espíritos, antes de chegar aqui. Então nossa vida é o resultado de uma vida prévia e um ‘ensaio’ da outra vida que está por vir.
Embora seja bastante questionável se este último argumento é correto e mesmo que sugira a encarnação, é um fato inegável que Sócrates e seu estudante Platão acreditavam numa vida eterna.
Aristóteles diluiu o idealismo de seu professor Platão, com alguns elementos da filosofia materialista. Contudo, ele também acreditava na existência do espírito e sua imortalidade. Dizia: “À parte do corpo material do homem, algo imaterial existe nele que é imortal”.
Xenófanes e Heráclito estão entre os antigos filósofos gregos que acreditavam na vida eterna. O primeiro sustentava que, além do corpo, o homem tinha uma alma e que esta prosseguiria vivendo após a morte do homem. Entre os princípios de boa moralidade que argumentava, estava o seguinte: não é possível para O que criou um Universo tão belo e o ornamentou por Seu amor ao homem, que não o traga de volta à vida logo de tê-lo feito morrer. Já Heráclito alegava: “Durante o Último Dia, as estrelas cairão na terra e a envolverão com um círculo de fogo. As almas más permanecerão neste fogo como castigo, enquanto as almas puras escaparão dele para subirem até as residências mais elevadas”.
Salvo uns poucos materialistas como Epicuro e Demócrito, todos os antigos filósofos de Oriente e Ocidente acreditavam na vida eterna. Com respeito aos racionalistas, entre os filósofos Ocidentais que prepararam o terreno para a iluminação intelectual após a Idade Média, a maioria deles também acreditava na Ressurreição e a vida eterna. Entre eles, Decartes argumentava convincentemente sobre a imortalidade da alma humana e analisava os resultados pertencentes à vida eterna. Leibniz e Spinoza também aceitavam a vida eterna. Leibniz se assemelhava a Platão ao corresponder suas “idéias”, quando falava de ‘mónadas’. Assegurava que as mónadas deviam desenvolver-se infinitamente. Contudo, este desenvolvimento é impossível neste mundo porque o tempo é limitado. Portanto, deveria existir um mundo eterno como sendo as partes imateriais dos seres onde as mónadas possam realizar seu desenvolvimento infinito. Spinoza era um panteísta. Ele acreditava numa vida de seres eterna e coletiva.
Além dos filósofos mencionado, Pascal e Bérgson também acreditavam na vida eterna.
No mundo muçulmano, quase todos os filósofos tinham convicção na vida eterna. Entre eles, Abul a´la al-Maarri não era religioso; porém, em sua Risalat al-Ghufran, tratou de descrever o Dia da Ressurreição segundo os versos Corânicos. Dante parece ter adaptado dos escritos de Maarri as descrições que fez do Paraíso, o Inferno e o Purgatório.
Resumindo: Salvo os poucos materialistas, a longa história da filosofia no Oriente e Ocidente testifica a crença na Ressurreição e a vida eterna.
A Ressurreição nas Escrituras Reveladas
O Alcorão, a última das Escrituras celestiais, possui quatro temas principais: a Existência e a Unidade de Deus, a Ressurreição e a Vida eterna, a Missão Profética, a Adoração e a Justiça. O Alcorão enfatiza bem mais a Ressurreição que as anteriores Escrituras.
Apesar das muitas deturpações que veio sofrendo durante a história, a Torah ainda tem versos concernentes à Ressurreição. O Evangelho chegou para restabelecer as corrupções na Torah e afirmar o que tinha ficado intacto ali. Mesmo assim, não conseguiu ficar isento de distorções; e não muitos tempos depois da partida de Jesus deste mundo apareceram aproximadamente trezentos Evangelhos que ficaram em circulação, os quais se contradisseram uns com os outros de muitas maneiras. Apesar das continuas distorções nos séculos subseqüentes, ainda há passagens nos Evangelhos sobre a Ressurreição e (em) O Além. Citemos exemplos:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque dele é o Reino dos Céus...
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançaram a misericórdia...
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus...
Bem-aventurados os que padecem perseguição pela justiça, porque seu é o reino dos céus...
Alegrai e Regozijai vos, porque grande será nos céus vossa recompensa (São Mateus, 5:3).
Ai do mundo pelos escândalos! Porque não pode menos de haver escândalos; mas Ai daquele por quem vier o escândalo! Se tua mão ou teu pé escandaliza, corta-o e joga-o fora de ti, que é melhor para ti entrar na vida maneta ou manco que entrar com a mão e pés e ser jogado ao fogo eterno. E se teus olhos te escandalizam, tira-o e joga-o fora de ti, que mais te vale entrar com um só olho na vida que com ambos olhos e ser lançado ao fogo do Inferno (São Mateus, 18:7-9).
Os mortos se levantarão com seus corpos e espíritos. Segundo o contexto, o Alcorão algumas vezes menciona a Ressurreição espiritual e outras a corporal. Por exemplo, os versos: Ó alma em paz! Volta a teu senhor comprazido e contente! Entra entre Meus (honrados) servos. Entra a Meu Paraíso! (89:27-30) mencionam o regresso da alma a seu Senhor. Contudo, em muitos de seus relevantes versos, o Alcorão descreve a Ressurreição e o outro mundo com términos tão materiais ou físicos que é impossível não aceitar a Ressurreição corporal. Em cento e vinte lugares, trata da verdade do Paraíso e o Inferno detalhada ou brevemente. Enquanto descreve o Paraíso e o Inferno e as situações da gente que se merece cada um deles. Por exemplo, os rostos da gente do Paraíso brilharam de felicidade, e encontraram preparado o que desejam. Estarão junto a seus cônjuges e membros da família que fizeram por merecer o Paraíso e meninas muito belas do Paraíso os servirão. Deus “reconstituirá” às mulheres do Paraíso livres de qualquer defeito e como virgens, e excederam em formosura às meninas do Paraíso. Pessoas no Paraíso viverão em magníficos palacetes com jardins cheios de esplêndidas árvores sob as quais fluem rios de mel, água pura, leite e outras bebidas. Com relação à pessoas no Inferno, estas sofrerão grande remorso e arderão em chamas. E quando suas peles ficarem chamuscadas ou completamente queimadas, elas serão mudadas por outras e certas partes de seus corpos com as que pecaram testemunharam em sua contra.
Por causa de seu terror, o Inferno adverte às pessoas comuns se absterem da descrença e dos pecados, pois, o Paraíso estimula àqueles com sentimentos sublimes às perfeições humanas. Por isso, o Alcorão menciona o Paraíso e o Inferno como um favor ou graça para as pessoas:
“Este é o Inferno que o culpado nega. Eles irão em círculo entre este e a água feroz em ebulição. Qual é, dos favores de teu Senhor, aquele que negas? Mas para quem teme estar em pé ante seu Senhor há dois jardins. Qual é, dos favores de teu Senhor, aquele que negas? (55:43-47).
Comments